Impactos Multidimensionais do Consumo de Álcool
O diálogo sobre os impactos multidimensionais do consumo de bebidas alcoólicas (sejam esses oriundos da ingestão moderada ou exagerada) permite ampliar o discernimento por parte da conscin em relação a autoresponsabilidade frente às repercussões dos hábitos e escolhas.
O Paradigma Consciencial convida a conscin a ressignificação dos valores, metas e prioridades por meio do sobrepairamento de crenças, dogmas, condicionamentos, falácias e pressões, instigando a consciência a sair do papel de observador passivo para a condição de protagonista da própria evolução. A vivência teática do Paradigma Consciencial permite a autoconscientização da importância da lucidez como condição sine qua non para qualificação das atividades interassistenciais.
No levantamento histórico-cultural do consumo de álcool, vê-se que a substância vem sendo utilizada desde a Era Paleolítica. Estudos apontam que a civilização mesopotâmica forneceu as primeiras descrições clínicas a respeito de intoxicação pelo abuso de bebida alcoólica (GORDON & MARLATT, 1985).
A Bíblia faz inúmeras referências à cultura da vinha e do vinho, chegando a utilizar a bebida para simbolizar o “sangue de Cristo”. Há de se notar também as inúmeras passagens no livro cristão que trazem a figura de Noé em estados variados de alcoolização, a exemplo da Gênesis 9:20,21: “E começou Noé a cultivar a terra e plantou uma vinha. Bebeu do vinho, e embriagou-se; e achava-se nu dentro da sua tenda”.
De acordo com Toscano Jr., “[…] a relação do homem com as substâncias psicoativas é bastante antiga ou, melhor dizendo, ancestral. Assim, mostra-se equivocada a ideia de que a presença das “drogas” é um evento novo no repertório humano. Na verdade, trata-se de uma presença contínua no tempo e que envolve não somente medicina e ciência, mas também magia, religião, cultura, festa e deleite” (TOSCANO JR, apud PINTO, 2013).
Na Antiguidade Clássica, os gregos instituíram o vinho como a principal bebida, vital, inclusive, para sua economia, tendo importância social, religiosa e medicamentosa. “O dramaturgo grego Eurípedes (484 a.C-406 a.C) menciona nas Bacantes duas divindades de primeira grandeza para os humanos: Deméter, a deusa da agricultura que fornece os alimentos sólidos para nutrir os humanos e Dionísio, o Deus do vinho e da festa (Baco para os romanos)” (CISA, 2004).
Apesar de a bebida se fazer presente em “celebrações sociais e religiosas greco-romanas, o abuso de álcool e a embriaguez alcoólica já eram severamente censurados pelos dois povos”. (CISA, 2004).
Ainda em Roma, além das utilidades semelhantes às citadas no consumo grego, o vinho adquiriu relevância geopolítica. “Os soldados romanos, que levavam a bebida para desinfetar a água dos lugares por onde passavam, logo descobriram outra grande utilidade do álcool: ele poderia servir como uma espécie de arma química contra os inimigos. Quando chegavam a territórios que desejavam conquistar, uma de suas estratégias era fingir amizade e dar vinho para os povos locais beberem. No dia seguinte, quando as vítimas estavam acordando de ressaca, os romanos voltavam e faziam um massacre” (GARATTONI, 2018).
Na Idade Média o vinho passou a ter um simbolismo nas celebrações católicas. No mesmo período, dá-se início a produção de cerveja na Europa, o que contribuiu fortemente para a disseminação da cultura do beber pelo mundo ocidental. A partir do cultivo da cevada e do lúpulo no continente europeu, foram construídas as tabernas, que eram consideradas importantes centros da vida sociocultural das cidades europeias (FISHMAN, 1998).
Com o desenvolvimento da sociedade industrial no Século XVIII, a bebida alcóolica ganhou mais espaço, sendo utilizada tanto nos tempos livres como, também, no trabalho na indústria.
Karl Marx, em “Manuscritos Econômico-filosóficos”, escritos em 1844, aponta o estado de miséria social da classe trabalhadora, no período em que os empregados se viam obrigados a morar em barracos improvisados, na fase de construção dos palácios para os burgueses (MOURA & SILVA, 2010).
Em capítulo dedicado ao alcoolismo, Friedrich Engels, em “A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra” (1845), revela a condição de desespero e solidão que levavam muitos “seres humanos à buscar formas imediatas de alívio no álcool. Nesse sentido, as bebidas alcoólicas aparecem como um instrumento eficaz de controle. As bebidas alcoólicas como tática de “domesticação” do ser humano” (MOURA & SILVA, 2010).
Em todos os episódios históricos relacionados à bebida alcoólica no Planeta Terra vale, por parte da conscin interessada na temática da evolução, a ampliação do conhecimento e da compreensão do contexto grupal e pessoal nas correlações dos fatos e parafatos, por meio dos estudos associativos entre os levantamentos historiográficos e conceitos conscienciológicos.
Segundo a Consciencioterapia, o álcool está entre os elementos químicos preferidos como veículo para as manipulações das conscins pelos assediadores extrafísicos. A submissão ao consumo de bebidas alcoólicas (sejam as doses moderadas ou excessivas) pode comprometer o real conceito de liberdade, já que legiões de jovens e gerações inteiras abrem mão da realização de projetos, desperdiçando os potenciais e aportes parapercepciológicos adquiridos, em virtude do entorpecimento etílico.
Pela Parapatologia, o consumo de álcool instiga a manifestação de consciexes energívoras (conseneres) ou vampirizadoras envolvidas no processo patológico, em função da condição de fácil abordagem por parte da conscin. Já sob a ótica da Projeciologia, a bebida alcoólica inibe o processo projetivo lúcido. O álcool facilita a sonolência, mas distorce o padrão normal do sono, suprime aspectos importantes da psicofisiologia do indivíduo, inclusive o sonho, e pode antecipar o despertamento físico, ou seja, fazer a pessoa acordar antes do término da carga horária habitual de sono natural, específico da conscin.
Conclusão
A abstenção alcoólica permite à consciência uma manifestação mais genuína em todas as dimensões em que esta se apresenta contribuindo, assim, para a lucidez frente as oportunidades de assistência. Manter-se lúcido é um desafio prioritário para a conscin quando autocrítica, racional e aspirante à condição de minipeça lúcida da reurbanização planetária.
Pergunta:
Você consome bebidas alcoólicas mesmo que eventualmente? Quais as razões lógicas para a manutenção desse hábito?

Isabela Collares
Isabela Collares é professora universitária, jornalista e especialista em Educomunicação. Idealizadora do projeto Antes da Saideira (2017) e autora de livro reportagem de mesmo título. É voluntária e docente da Ciência Conscienciologia desde 2015.
Referências Bibliográficas
- CISA. História do Álcool. Boletim. Centro de Informações sobre Saúde e Álcool; Pesquisa. 27.06.2004. Disponível em: https://cisa.org.br/index.php/pesquisa/artigos-cientificos/artigo/item/60-historia-do-alcool. Acesso em: 20.06.2020.
- Collares, Isabela; Antes da Saideira: livro-reportagem sobre a banalização do consumo de bebidas alcoólicas, Epígrafe.
- GALILEU. Álcool Prejudica a Saúde Mesmo com Moderação, Afirma Estudo Global. Revista. Galileu.
- MOURA , Alessandro de & SILVA, Fabio Nunes. A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra: o alcoolismo e a classe trabalhadora.
- Vieira, Waldo; Conscienciograma: Técnica de Avaliação da Consciência Integral.
- Idem, Waldo; Léxico de Ortopensatas. Editares.
- Idem; Homo sapiens reurbanisatus.
- Idem; Projeciologia: Panorama das Experiências da Consciência Fora do Corpo Humano.